2ª PARTE - POROROCA

  • Mário Chagas Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Resumo

4.Mário de Andrade: o modernista das cavernas

(...) Que o passado da gente não é mais

Que um sono comprido aonde um poder de sombras lentas

Mostram que a gente sonhou. Porém não sabe o que sonhou.

(M.A., 1987:257)

Eu não posso estar satisfeito de mim. O meu

passado não é mais meu companheiro. Eu

desconfio do meu passado

(M.A., 1974:254)

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, comemorando os vinte anos da Semana de Arte Moderna, M.A., em conferência antológica promovida pela Casa do Estudante do Brasil, realizou um balanço crítico do movimento modernista1. Ao invés de celebrar e cantar uma ode de triunfo, ele expôs em praça pública as vísceras do modernismo, fez uma auto-crítica dramática e virulenta, denunciou a presença da gota de sangue e continuou, por isso mesmo (querendo ou não) sendo a “consciência central” do modernismo (Brasil, 1976:27).

 

5.O museu (pessoal) de sonhos de Mário de Andrade

Nunca colecionei para mim, mas imaginando me constituir apenas salvaguarda de obras, valores e livros que pertencem ao público, ao meu país, ao pouso que eu gastei e me gastou.

Mário de Andrade apud Batista e Lima (1984: XXXII)

Grafa. Fotografa. Registra. Ficha. Recolhe.

Gilda de Mello e Souza.

 

6.A ótica museológica de Mário de Andrade através de três documentos

Imaginar mesmo em ponto de dúvida que eu penso que um museu é apenas colecionar objetos, só não é ofensa porque não tenho vontade de ficar ofendido.

Mário de Andrade

A obra de Mário de Andrade (M.A.) tem merecido a atenção de poetas, críticos de arte, historiadores, filósofos, cineastas, cientistas políticos, antropólogos e de um sem-número de intelectuais que sobre ela se debruçam na tentativa de estabelecer aproximações com as suas respectivas áreas de atuação, compreender melhor o modernismo e, na mesma esteira, o roteiro macunaímico do Brasil.

 

7.Do span de Mário de Andrade ao decreto-lei 25

Não sou nem turrão nem vaidoso de me ver criador de coisas perfeitas. Assim não tema jamais me magoar por mudanças ou acomodações feitas no meu anteprojeto.

(M.A., 1981: 60)

O presente capítulo inspirado no texto: Política cultural e democracia, a preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, de autoria do pesquisador J. A. Falcão (1984:21-39), tem o objetivo de colocar frente a frente, para um estudo comparativo, o anteprojeto de Mário de Andrade e o decreto-lei 25. É interessante observar que o decreto-lei, mesmo tendo em alguns pontos inspirado-se no documento marioandradiano, em muitos outros dele se afastou.

 

8.Conclusão: mar, rio e gota de sangue

A cena é um campo de batalha no qual se digladiam as forças do passado e do futuro, entre elas encontramos o homem que Kafka chama de “ele”, que , para se manter em seu território, deve combater ambas. Há, portanto, duas ou mesmo três lutas transcorrendo simultaneamente: a luta de “seus” adversários entre si e a luta do homem em cada um deles. Contudo, o fato de haver alguma luta parece dever-se exclusivamente à presença do homem, sem o qual - suspeita-se - as forças do passado e do futuro ter-se-iam de há muito neutralizado ou destruído mutuamente.

Hannah Arendt (1992:36)

Mário de andares paulistas - singular e múltiplo - foi “um tupi tangendo um alaúde” (M.A., 1987:83). Ele próprio definiu-se: “Eu sou trezentos, sou trezentos e cincoenta” (M.A., 1987:211), indicando que não controlava a sua capacidade de multiplicação.

Além de poeta, contista, romancista, crítico de música, de literatura e de artes plásticas, professor, folclorista e pesquisador, M.A. desenvolveu ampla militância a favor da dinamização e da preservação do patrimônio cultural brasileiro.

 

9.Referências bibliográficas

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Como Citar
Chagas, M. (1). 2ª PARTE - POROROCA. Cadernos De Sociomuseologia, 13(13). Obtido de https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/324