O segredo e o problema da esfera pública: como o krathos dos partidos fomenta os segredos do poder
Resumo
Aparentemente, podemos definir a democracia como o governo do poder “visível”, um lugar que não deve estar confinado ao mistério. Ela é o governo do poder público que actua em público, mas é conveniente não esquecer que o conceito de “público” tem dois sentidos, consoante se contraponha a “privado” ou a “secreto”. A filosofia do Iluminismo estabeleceu os limites entre o que é publicamente privado – o que não sendo público pode ser visto – e o que é secreto – o que permanece por ver. Enquanto na dicotomia público/privado, o termo “público” refere-se à res pública, remetendo para a distinção romana entre ius publicum e ius privatum, na segunda dicotomia o sentido do termo “público” é o de algo “visível”, por oposição ao secreto. Efectivamente, a opinião pública condena a violação do princípio da publicidade, mas se o controlo da democracia tem alguma eficácia no que toca à política interna, ele permite ver que a esfera mais exposta ao abuso é a esfera das relações internacionais. O seguinte trabalho propõe- se estudar um poder político, marcadamente disciplinar, que é tanto mais eficaz quanto mais invisíveis forem as práticas de vigilância da opinião pública. Propomo-nos analisar o problema do segredo na esfera pública, quer no que se refere à simulação e dissimulação do jogo político, quer no que diz respeito à sua resposta, isto é, o desvelamento característico da actividade dos media, de uma actividade que, por vezes, esconde os seus próprios processos de construção.Palavras-chave: arcana imperii, esfera pública, poder visível, media.
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Publicado
2013-09-03
Edição
Secção
Artigos
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