DOSSIÊ “OS DESAFIOS DA CONTEMPORANEIDADE AO CRISTIANISMO”
Resumo
INTRODUÇÃO
O mundo sempre se moveu, sempre revelou uma dinâmica histórica, mas em cada época os seres humanos testemunharam a percepção de que, nesse dado momento, a Terra pareceu girar mais rapidamente. Pelo menos desde os Gregos que dispomos de informação documental de tal sensação, em particular no tocante ao sentimento duma acentuada degradação geracional de costumes.
Se o século passado é exemplo eloquente da ideia de um tempo vivido de modo acelerado e vertiginoso, tendo em conta que deflagraram duas devastadoras guerras mundiais, e que no espaço de cem anos se inventou o telefone, o avião, a bomba atómica, o computador e a internet, já a actualidade vai em sentido idêntico e ainda mais pronunciado.
A religião cristã, porém, tende a ser estática, mercê do lastro dos seus dois mil anos de história. As igrejas, confissões e grupos identificados com o cristianismo criaram bases de fé, concílios, sínodos e credos, que garantissem estabilidade teológica, doutrinária e dogmática, mas que também cristalizassem de algum modo a liturgia e a praxis da fé. É sabido que em religião as tradições contam mais do que as inovações, talvez porque a patine religiosa supõe e sugere estatuto, seriedade e confiabilidade. Talvez por isso a criatividade e a imaginação não sejam particularmente bem vistas em teologia. Todavia isso não evitou o cisma do Oriente, há mil anos, que dividiu a Europa entre Ocidente e Oriente, nem a Reforma protestante, que voltou a dividi-la quinhentos anos depois, desta feita entre o Norte e o Sul. (...)