Entre o legítimo e o legitimado. A explosão dos acontecimentos nas capas de VEJA

  • Paulo Bernardo Ferreira Vaz Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil / CNPq
  • Renné Oliveira França UFMG / Bolseira da CAPES / Pesquisadora do GRIS

Abstract

O presente trabalho busca compreender as maneiras como a mídia opera na escolha e seleção de determinados assuntos ao mesmo tempo em que é afetada por outros. A proposta é olhar para duas diferentes concepções de acontecimentos: um que nomeamos de legítimo, pois emerge por força própria, rompendo com as expectativas e afetando as experiências dos sujeitos, obrigando uma investigação a respeito de suas causas e conseqüências –de acordo com a concepção de Louis Quéré; e outro, chamado aqui de legitimado por ser construído e selecionado em função de seus potenciais de atualidade, socialização e imprevisibilidade, que é atrelado ao cotidiano e não produz mudanças significativas para o coletivo – a partir das discussões de Mouillaud e Charaudeau. Questionando essas diferentes maneiras de aparição do acontecimento na superfície da mídia, trabalharemos a partir de capas da revista brasileira Veja do ano de 2001. Das 51 edições daquele ano, selecionamos para análise um acontecimento que denominamos legitimado (relacionado ao novo papel da masculinidade em nossa sociedade) e três acontecimentos que chamamos aqui de legítimos, sendo que apenas um deles ocupou sete capas da revista: os atentados de 11 de setembro.A tentativa aqui é de buscar perceber como é possível essa operação dos media de, ao mesmo tempo em que se abre a um acontecimento legítimo em seu poder de transformação (como o 11 de setembro), precisa legitimar outros acontecimentos para sua própria sobrevivência enquanto instituição (caso de assuntos cotidianos como o papel do homem no século XXI). A discussão não passará por uma tentativa de justificação desse caráter dual dos meios na sua forma de tratar os acontecimentos. Trata-se de uma busca de compreensão das maneiras como a mídia opera na escolha e seleção de determinados assuntos ao mesmo tempo em que é afetada por outros.O objetivo é buscar compreender como os media lidam com essas duas concepções diferentes de acontecimentos: aquele que emerge provocando descontinuidade e obrigando a instalação de um inquérito a respeito de seu passado e das modificações que provoca parao futuro; e aquele que surge como construção discursiva ligada ao cotidiano, inicialmente sem grande poder para afetar o coletivo. Quais forças estão em jogo entre o acontecimento legítimo e aquele que aparece legitimado pelo discurso midiático?

Palavras-chave: acontecimento, jornalismo, revista, 11 de Setembro.

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Published
2013-09-03
Section
Artigos