Uso de Lupinus albus como potenciador no tratamento na estenose hipertrófica do piloro equino
Resumo
Introdução e objetivos: A gastroscopia é um meio imprescindível de diagnóstico síndrome de úlcera gástrica equina (SUGE), doença que pode incluir estenose hipertrófica pilórica (EHP), já que inflamação crónica resulta em hipertrofia e hiperplasia das fibras musculares, com redução do anel pilórico. No presente trabalho, apresentamos dois casos de EHP, relatando a importância de um diagnóstico precoce, e primeira descrição do uso de um suplemento de tremoço branco (Lupinus albus) em pasta no tratamento de EHP em equinos. Esta pasta é rica em deflamina, um oligómero proteico, tendo sido demonstrado o seu potencial para reduzir a inflamação e a angiogénese da neoplasia colorretal.
Metodologia e resultados: Foram admitidos 2 equinos no Hospital de Equinos St. Estevão e avaliados por gastroscopia com biópsia, as lesões foram classificadas segundo Sykes et al., 2015. Ambos apresentavam ulceração 2/4 da mucosa escamosa e uma região glandular-pilóricaenantematosa, com erosão difusa hemorrágica fibrino-exsudativa elevada, hiperplasia hemorrágica fibrino-exsudativa e estenose. Histologicamente um animal (A) apresentava enterite linfoplasmocitária e o outro (B) uma enterite eosinofílica. Ambos os cavalos foram medicados com omeprasol 4mg/Kg PO e misoprostol 5μg/Kg q12h PO durante 30 dias e aos 37dias realizou-se uma gastroscopia para reavaliação. Ambos apresentavam mucosa escamosa com grau 1/4 e uma mucosa glandular-pilórica enantematosa com hiperplasia fibrino-exsudativa e estenose, sendo recomendada a administração de sucralfato 1g/Kg q6h PO durante 120 dias. Adicionalmente, o cavalo A foi suplementado diariamente com pasta de sementes de tremoço branco. As sementes foram demolhadas (1:3, m/v) e fervidas, sendo a água de fervedura descartada e adicionado um novo volume de água (1:1, m/v). A mistura obtida foi triturada e a pasta resultante congelada em doses de 200g que foram fornecidas diariamente.
Aos 187 dias após diagnóstico foi repetida gastroscopia e verificou-se que o cavalo A não apresentava estenose pilórica e que o cavalo B mantinha um grau ligeiro de estenose.
Conclusões: Em ambos os casos descritos as suspeitas limitavam-se às formas simples de SUGE. Apesar de pouca informação na literatura sabe-se que a EHP está associada à inflamação duodenal e cronicidade do espasmo pilórico. O tratamento destes casos baseou-se no princípio de anular a progressão das lesões através da diminuição da inflamação com redução da hiperplasia e consequente estenose. No equino A, acrescentamos ao tratamento pasta de tremoço per os, com boa aceitação e sem qualquer efeito secundário. Após 120 dias de suplementação observou-se uma redução na gravidade das lesões, em relação ao Caso B.
Preliminarmente poderemos adiantar que no caso de enterite linfoplasmocitária, a adição da deflamina, poderá ser um bom suporte na terapia das inflamações GI em equinos, corroborando resultados de outros estudos em modelos 3D, peixes-zebra e murganhos, onde se verificou um efeito inibitório no desenvolvimento e progressão da neoplasia colorretal e de doenças inflamatórias GI. Contudo, serão necessários mais estudos subsequentes para avaliar o potencial desta suplementação em diferentes infiltrações celulares inflamatórias, cuja precocidade no diagnóstico traduz menor deterioração clínica e maior eficácia do tratamento.
Palavras-chave: Equino; Suplemento de tremoço; Estenose hipertrófica do piloro.