Infeção por Mycoplasma agassizii em tartarugas terrestres sob cuidados humanos em Portugal Continental

  • Manuel Louro Faculdade Medicina Veterinária- Universidade Lusófona- Centro Universitário de Lisboa
  • Gonçalo Portela ExoticVets, 2670-389 Infantado, Loures, Portugal
  • Rui Patrício Faculdade Medicina Veterinária- Universidade Lusófona- Centro Universitário de Lisboa
  • Margarida Alves Faculdade Medicina Veterinária- Universidade Lusófona- Centro Universitário de Lisboa

Resumo

A doença do trato respiratório superior (URTD) é uma causa frequente de morbilidade e mortalidade em tartarugas selvagens e em cativeiro. Mycoplasma agassizii é um importante agente causador da URTD. A infeção por este agente pode apresentar-se nas formas crónica ou subclínica, com recidivas sintomáticas intermitentes. Os animais assintomáticos podem atuar como portadores de Mycoplasma agassizii. A crescente procura de tartarugas terrestres como animais de estimação, associada elevada taxa de transmissão deste agente, constituem fatores de ameaça à sobrevivência destas espécies.

Objectivos: O objetivo deste estudo foi o de estimar, por diagnóstico molecular, a frequência da infeção por Mycoplasma agassizii em tartarugas terrestres saudáveis sob cuidados humanos.

Material e Métodos: Foram incluídos no estudo 55 tartarugas terrestres sem evidência de sinais clínicos, às quais foram recolhidas zaragatoas orais. Após a extracção de DNA, foi feita a deteção de Mycoplasma agassizii através de PCR convencional. Todos os animais em estudo pertenciam à família Testudinidae e às seguintes espécies: Aldabrachelys gigantea (n=1), Astrochelys radiata (n=2), Centrochelys sulcata (n=9), Chelonoidis carbonarius (n=8), Indotestudo elongata (n=2), Malacochersus tornieri (n=3), Stigmochelys pardalis (n=7), Testudo graeca (n=13), Testudo hermanni (n=4), Testudo horsfieldii (n=4) e Testudo marginata (n=2). Os animais pertenciam a um total de 7 coleções distintas, dividindo-se por 18 populações, de várias regiões de Portugal Continental.

Resultados: Todas as coleções foram positivas para Mycoplasma agassizii. O estudo revelou uma presença preocupante deste agente em 69,1% (38/55) das amostras, com apenas três populações totalmente livres da infeção.

Conclusões: O facto de ter sido identificada, em animais saudáveis, uma frequência de infeção de 69,1% é preocupante devido ao papel que estes animais podem ter na disseminação do agente. O crescente comércio destas espécies constitui um risco de transmissão do agente a outras regiões geográficas. Este trabalho representa um importante contributo para uma melhor compreensão do impacto epidemiológico e clínico da infeção por Mycoplasma agassizii na fauna cativa de tartarugas no nosso País.

 

Keywords: Mycoplasma agassizii; tartarugas terrestres; detecção molecular, PCR.

 

Financiamento: O presente trabalho foi financiado pela Universidade Lusófona (Bolsas Estágio MV 21-22).

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Publicado
2024-01-16