A VOZ DOS OBJECTOS

O PROCESSO DE SINCRETIZAÇÃO NO BWITI FANG DO GABÃO

  • Filipa Maia Duarte de Almeida Universidade Omar Bongo de Libreville

Resumen

No Gabão em particular e em África Central em geral, «os mortos não estão mortos[1]». A morte não se opõe à vida, ela é a sua extensão. A ideia da possibilidade de uma relação íntima entre o sujeito e os seus antepassados é estruturante, não só de todos os sistemas religiosos africanos (incluindo as igrejas cristãs africanas), como da sociedade em geral. A relação entre mortos e vivos é um facto social total (à maneira de Marcel Mauss), na medida em que são estas relações entre o visível e o invisível que estabelecem o funcionamento de instituições, práticas, comportamentos, maneiras de perceção do mundo. Relativamente aos movimentos sincréticos entre cultos de antepassados e o cristianismo, como o Bwiti Fang, os elementos como a Bíblia e Jesus Cristo não são elementos de substituição dos antepassados, das relíquias ou dos “fetiches”, eles são elementos incorporados no imaginário religioso Fang: Jesus Cristo passa a ser um antepassado, a Bíblia um “fetiche”.

 

[1] « Les morts ne sont pas morts », do poema de Birago Diop, Souffles.

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Publicado
2022-07-01
Cómo citar
Maia Duarte de Almeida, F. (2022). A VOZ DOS OBJECTOS: O PROCESSO DE SINCRETIZAÇÃO NO BWITI FANG DO GABÃO. Ad Aeternum, 1(4), 43-56. https://doi.org/10.60543/aa.v1i4.8160