Editorial

  • Mário Moutinho Departamento de Museologia - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal

Resumo

Editorial

O presente volume dos Cadernos de Sociomuseologia trata de diferentes aspetos de uma ampla problemática comum, onde todos as contribuições se podem articular, que é na verdade a da  responsabilidade social dos museus

No texto de Moysés Sequeira e Laetitia Jourdan dedicado ao Museu do Patrimônio Vivo de João Pessoa, é posto em valor o lugar do museu como ator de desenvolvimento comunitário. O artigo explora as inovações conceituais que possibilitaram a criação de um museu sem paredes, localizado em lugares representativos das atividades culturais – como a casa de mestres e agentes culturais, lugares de trabalho, festas, celebrações e brincadeiras – e ao entender-se como ambiente dinâmico, de construção conjunta, promovendo a conexão entre atores culturais de diferentes comunidades.

Sandra Guedes percorre os museus de Portugal em busca da identificação nos diferentes discursos museológicos contemporâneos de uma ou mais imagens que sustentam a visão do Brasil que é apresentada aos seus públicos. De certa forma coloca a questão de saber qual Brasil se manifesta nestes museus, no quadro do seu entendimento como colonia que foi, ou como o país atual nas suas diferentes dimensões.

Entre as representações analisadas, destacam-se a do Brasil como importante colônia fornecedora de riquezas para Portugal, presente nos museus mais tradicionais do país, e outra que evidencia as relações históricas dos dois países por meio de algumas personagens portuguesas como Cabral e Pedro I (IV de Portugal), vistas principalmente em museus de fora da capital. Assim, percebe-se que a estreita relação que o Brasil teve com Portugal enquanto colônia ainda está ajudando a construir as representações que este país faz daquele.

Catarina Figueiredo coloca a questão de saber como a museologia pode ser um recurso essencial para o reconhecimento do património cultural numa área pouco estudada que é o patrimonio mural. Procura definir os termos dos recursos expográficos que proporcionem um conhecimento pela arte mural, compreendendo o seu papel na sociedade de hoje e contextualizando-a à época em que foi executada. Procura interpretar a simbologia e a importância sociocultural que os murais tiveram durante o período do Estado Novo e que adquirem ainda hoje e analisar o significado ideológico dos espaços públicos, percebendo o processo de espaço “sacralizado” ao “dessacralizado”.

Erin cashwell centra-se sobrew as questões da repatriação dos bens culturais existentes em museus. De forma abrangente coloca um conjunto de questões essenciais sobre o processo de repatriamento do ponto de vista ético, legal e das obrigações profissionais que esta questão envolve.

Pedro Leite e Judite Primo propõem uma reflexão sobre uso de objetos biográficos na museologia, como um processo de produção e inclusão de saberes na sociedade.  Através destes novos objetos rasgam-se novas perspetivas de investigação e ação que reatualizam metodologias e renovam a ação das organizações museológicas e patrimoniais. Estas novas narrativas permitem a adequação e um ajustamento dos processos museológicos aos processos sociais onde ocorrem. O desafio colocado pela intersubjetividade facilita a adequação das práticas museológicas às sociedades em transformação, fazendo intervir as comunidades como agentes de construção dos sentidos da ação. Através delas os museólogos transformam-se em mediador de saberes mestiços.

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Publicado
2015-09-20
Como Citar
Moutinho, M. (2015). Editorial. Cadernos De Sociomuseologia, 49(5). Obtido de https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/5198