Editorial: Interculturalidade Crítica e Sociomuseologia PT/EN
Resumo
Editorial: Interculturalidade Crítica e Sociomuseologia
São vários os assuntos tratados neste novo volume dos Cadernos de Sociomuseologia. No entanto é certo que todos os artigos estão profundamente enraizados numa perspetiva Sociomuseológica. De certa forma podem ser entendidos como contributos para o alargamento do campo da Museologia Social, numa altura em que ganha relevância a nova definição de Museu proposta pelo ICOM na sua conferência de Praga em agosto de 2022. O reconhecimento da responsabilidade social do Museu:
“Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e, com a participação das comunidades, proporcionam experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento”.
Cria-se assim um novo espaço para a atuação dos museus, os quais sem deixar de cumprir as suas funções curatoriais podem com segurança avançar para o reforço das dimensões dialógicas e comunitárias que estão na base da Sociomuseologia. Este reconhecimento é essencial na medida em que fácil é de constatar, que em muitos países cria espaço para novas abordagens do que temos vindo a denominar por Museologia da resistência. Não só põe em evidência a necessidade de pensar a museologia em termos de Direitos Humanos como também permite colocar as bases de uma museologia comprometida com todas as formas de sustentabilidade.
Os contributos incluídos neste volume têm como enquadramento o texto de Uchoa & Pasqualucci no qual é posto em evidencia as particularidades da Interculturalidade crítica com a prática decolonial e, em última instância com a “praxis” freiriana, entendida como sendo a reflexão e ação sobre o mundo tendo em vista a superação das formas históricas e contemporâneas de colonialidade e de opressão.
Trata-se de ir mais além que o “modelo europeu e anglo-saxônico, que não questiona o poder político e econômico e é compatível com a lógica neoliberal, ( interculturalidade funcional) , assumindo interculturalidade crítica enquanto projeto político, social, epistêmico e ético.
Neste sentido podem ser lidos os diferentes contributos que tratam o lugar dos museus durante a pandemia, a atuação dos Pontos de Memória e sua resistência ao desmonte das políticas públicas da cultura no Brasil dos últimos 4 anos, às questões das diferentes forma de acessibilidade, aos problemas da sustentabilidade às questões que coloca um entendimento do lugar da ética e da estética nos museus.
Este volume, agrupa pois, um conjunto de temas que para além da sua diversidade se reencontram numa abordagem que contribuiu para o aprofundamento da Sociomuseologia.
Enfim a entrevista com Viviane Conceição Rodrigues “O Museu de Cultura Periférica e suas articulações: perspectivas de uma intelectual orgânica sobre a Sociomuseologia brasileira” permite pensar a Sociomuseologia pelas mãos daqueles que vivem na fronteira entre academia e a militância social.
Essa forma de fazer museologia está para muito além do passado, é acima de tudo um acompanhamento do presente e a construção contínua de processos em busca de um futuro melhor (…) Com uma museologia interessada no social e feita pela periferia, interessa muito mais os objetos que provocam debates sobre os dilemas de agora
Downloads
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.