CAPÍTULO 1 - MUSEUS: BUSCA DE ADEQUAÇÃO À REALIDADE POR QUE OS MUSEUS?; TRAJETÓRIA DOS MUSEUS E URGÊNCIA DE TRANSFORMAÇÃO; O DISCURSO DA NEUTRALIDADE; OBJETO SIGNIFICANTE; CONCEITOS DE MUSEOLOGIA; O TRABALHO NOS MUSEUS — ATIVIDADES BÁSICAS
Abstract
Museus: busca de adequação à realidade por que os museus?
Quando pensamos em tratar dos objetos museológicos em nosso trabalho tínhamos em vista a importância da reconstrução dos significados históricos presentes na cultura material. É sabido que, num país como o Brasil, marcado pelo analfabetismo, os vestígios materiais e a memória oral são ainda mais significativos que quaisquer outros no que toca à representação da realidade de uma grande parcela da população, cuja história não é contemplada pelos documentos oficiais e pelos registros escritos de uma elite alfabetizada. Além disso, mesmo em caso onde os documentos escritos são abundantes, o suporte material tem possibilitado uma nova leitura que, se muitas vezes corrobora, em outras tantas levanta questões e hipóteses inusitadas sobre realidades históricas já analisadas à luz das fontes tradicionais.
Trajetória dos museus e urgência de transformação
A origem da palavra museu remonta à Grécia antiga, onde o Museion era o templo das Musas, para o qual eram enviados oferendas e objetos de valor. O museu concebido como um complexo cultural reunindo biblioteca, anfiteatro, observatório, jardins botânico e zoológico, existiu já no Palácio de Alexandria, também com o nome de Museion.
O discurso da neutralidade
A questão da neutralidade ao nosso ver é de importância fundamental pois, ao olhar menos avisado, a exposição não se investe de caráter ideológico e mantém-se na tênue linha da exibição descompromissada dos objetos e cuja interpretação possível tem como critérios apenas a estética formal e o valor material.
Objeto significante
Em resumo, a função primordial do museu: informar para agir. E o objeto museológico, comumente — mas não necessariamente — desprovido de seu valor de uso original, passa a um nível particular de interpretação e valor, que Baudrillard considera como estatuto simbólico, onde ele não é, de qualquer forma afuncional, nem mera figuração decorativa, porque aí se encontra exatamente para significar.
Conceitos de museologia
É preciso esclarecer que não há ainda definição firmemente estabelecida de Museologia. Em 1990, expoentes da Museologia como Tomislaw Sola pensavam seus textos e debates como “Contribuição para uma Possível Definição de Museologia ” , inclusive com sugestões recorrentes ao uso do nome patrimoniologia, mais condizente com o ponto de vista de Sola e aceito por Peter van Mensch (1990)— Presidente do ICOFOM —, segundo o qual
“a museologia abrange todo um complexo de teoria e praxis que envolve a conservação e o uso da herança cultural e natural” e onde “qualquer nível de tratamento prático dos objetos deve ser relacionado a uma visão (teórica) do significado do objeto como fonte de conhecimento”.
O trabalho nos museus — atividades básicas
Os museus são canais de comunicação da sociedade atual como seu patrimônio e, para isso, precisam viabilizar tanto a preservação deste patrimônio como o acesso da população a ele, num
processo que passa, minimamente, pelas fases de:
Documentação
Conservação/Restauração
Comunicação/Educação
Respeitadas as proporções e as possibilidades reais de cada museu, não se pode fugir à necessidade de, em tendo um acervo, documentá-lo, tratar de sua conservação e estabelecer uma
comunicação junto ao público, dentro de um propósito fundamental de educar. Sem estes passos não se pode considerar satisfatória uma ação museológica.
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