O Umbundo no poliedro linguístico angolano: a Língua Portuguesa no entrelaçamento do colonialismo e pós-colonialismo
Resumo
A linguagem é um dispositivo de poder. Isto implica sempre manipulação de forças, estratégia dominante, o que provoca constrangimentos, sobreposições, contaminações. Por isso a língua não pode ser analisada fora dos jogos de poder. Neste enquadramento, o problema que se nos deparou foi saber de que modo se verificam empréstimos linguísticos entre o Umbundo e a Língua Portuguesa (LP) e quais os motivos pelos quais perduram em ambos os idiomas essas interferências. Assim, são objectivos deste artigo: analisar a presença do Umbundo no multilinguismo angolano; refletir sobre a importância da Língua Portuguesa no contexto das relações de poder do colonialismo e pós-colonialismo; identificar empréstimos linguísticos para a evolução, renovação e reflorescimento da Língua Portuguesa e do Umbundo. Utilizámos para o nosso trabalho as seguintes fontes: Gramáticas; dicionários; literatura; obras historiográficas; legislação. As fontes utilizadas foram analisadas segundo as seguintes dimensões: a Língua portuguesa e o contexto linguístico angolano; bilinguismo; empréstimos linguísticos na LP e no Umbundo (a nível fonético, lexical e morfossintáctico). Pelo nosso estudo pudemos concluir que a LP, no quadro das relações de poder do colonialismo e pós-colonialismo, mantém o estatuto de língua de referência, sendo relevantes os empréstimos linguísticos do umbundismo na LP e vice-versa.
Palavras-chave: umbundo; empréstimos linguísticos; língua portuguesa em Angola.