Os saberes e poderes da reforma de 1905

  • José Viegas Brás Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
  • Maria Neves Gonçalves Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Resumo

Neste artigo, revisitamos a reforma de 1905 ao

nível das inovações curriculares e dos dispositivos

pedagógicos que a singularizaram. Como enfoques

metodológicos, assumimos o currículo enquanto

construção social, e estabelecemos uma conexão

entre pedagogia do poder e do saber, na linha de

Nietzsche e de Foucault de que, por detrás de

todo o saber, o que está em jogo é uma luta de

poder, estando o poder político intrinsecamente

correlacionado com o saber. Abordamos, num

primeiro momento, a nova configuração curricular

proposta por este diploma - elaborado pelo

director geral de Instrução Pública, Abel Andrade,

e promulgado pelo ministro do Reino, Eduardo

José Coelho - e colocamos em evidência, por um

lado, os mecanismos que fizeram com que a educação física integrasse definitivamente o currículo

dos alunos do liceu e, por outro, a forma como abriu caminho para um novo conhecimento e para

uma nova construção do corpo. Num segundo

momento, relevamos a importância do que designamos por novos mecanismos de regulação onde incluímos o caderno diário, o incentivo à prática

pedagógica de arquivar e expor os trabalhos dos

alunos e a cooperação entre o liceu e a família. Por

fim, concluímos que esta reforma deve ser vista

em articulação com a reforma anterior de Jaime

Moniz e que ambas acabam por corresponder a

duas peças fundamentais do movimento reformista

cuja aposta, em última análise, era a formação da

futura elite governante.

 

Palavras-chave: Reforma; configuração

curricular; educação física; saber; poder.

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