Call for papers: "As Transformações na Educação de Adultos. Novas Perspetivas. Novas Prática"

2017-02-03

A existência de diferentes pontos de vista sobre a educação, os seus objetivos e finalidades tem estado sempre presente. Barros (1974) questionava se a educação era utilitária ou libertadora, Jarvis (1986) apresenta-nos a diferença entre a educação entre iguais e a que designa educação de elites. A mais notável e conhecida de todas estas classificações é a de Freire (1985) que diferenciava entre a educação bancária e a educação libertadora.

No caso da educação de adultos, a presença de, pelo menos duas corrente definidoras do que deve ser a educação tem estado sempre presente ao longo de toda a sua história. Podemos recordar como Condorcet (Lucio-Villegas, 2005) aspirava a uma educação permanente que formava bons cidadãos para a República, enquanto que a reação aristocrática se sentia no Reino Unido (ver Cipolla, 1970) e em Espanha (Viñao, 1990) impondo limitações ao direito à educação das pessoas que eram vistas como mão de obra, que não deviam ter muita consciência cívica e como súbditos.

Tendo em conta este devir histórico pode ler-se a evolução da educação de adultos na Europa nos últimos 25 anos. Temos assistido desde as propostas de uma educação de adultos que substituiria ou completaria o ensino fundamental, à que se centrava numa educação integral que permitiria o desenvolvimento das capacidades expressivas e criativas dos indivíduos e das comunidades, a uma educação centrada no mundo do trabalho, a um discurso sobre as competências e ferramentas e não sobre os saberes que podem ajudar as pessoas a interagir unas com aos outras e com o meio ambiente numa perspectiva de criação social e construção de relações para a vida e para o trabalho.

Neste sentido, podemos considerar as questões da cidadania e da participação democrática num momento histórico e social em que assistimos ao ressurgimento de forças antidemocráticas que, como nos tempos passados que poderiam pensar-se esquecidos, vão gradualmente assumindo mais esferas de poder a partir das vitórias democráticas baseadas no sufrágio universal.

Neste momento pode talvez ser muito adequada fazer uma reflexão profunda sobre as relações entre a educação de adultos e as situações sociais, históricas e culturais em que estamos inseridos. Esta reflexão devia também incluir uma revisão profunda das mudanças na educação de adultos nos últimos 25 anos e a influência que essas alterações têm na conceptualização e nas práticas no campo da reflexão, da investigação e da prática.

Referências Bibliográficas

Barros, R (1974). La educación ¿utilitaria o liberadora? Madrid: Marsiega.
Cipolla, C. (1970). Educación y desarrollo en Occidente. Madrid: Alianza.
Freire, P. (1985). Pedagogía del Oprimido. Madrid: Siglo XXI.
Jarvis, P. (1986). Sociología de la Educación Continua y de Adultos. Barcelona: El Roure
Lucio-Villegas, E. (2005). Cuestiones sobre educación de personas adultas. Sevilla: Tabulador Gráfico.
Viñao, A. (1990). Historia de un largo proceso. Cuadernos de Pedagogía, 179, 45-50.

O dossiê temático que propomos convida investigadores, académicos e profissionais da educação de adultos, para refletirem e apresentarem as suas pesquisas mediante os seguintes núcleos temáticos:

  1. As transformações ocorridas na educação de pessoas adultas durante os últimos 25 anos
  2. As Políticas e práticas atuais neste campo educacional
  3. As tensões entre a formação integral de base e as formações centradas no mundo do trabalho
  4. A questão interminável da alfabetização
  5. O papel dos educadores e educadores de pessoas adultas
  6. A relação entre a educação de adultos e a comunidade
Idiomas

Português, francês, espanhol e inglês

Deadlines

Envio de artigos: até 30 de Setembro de 2017
Comunicação de aceitação das propostas: até 30 de Novembro de 2017
Publicação: 2018

Envio dos trabalhos

Emilio Lucio-Villegas

Os autores devem apresentar uma proposta que contenha, entre 30 000 a 40 000 caracteres incluindo espaços, resumos, fotos, imagens, notas de fim de texto e referências bibliográficas. Estas não devem exceder as 25.

Todos os trabalhos serão avaliados pela Comissão Redactorial da Revista e submetidos a uma revisão "cega". No entanto, os organizadores reservam-se o direito de tomar as decisões finais sobre a publicação.

Pode consultar as normas de publicação em http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/about/submissions.